Desafios da Transição Energética na América Latina

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Para promover a necessária transição energética por que passa o planeta, o setor de energia atravessa mundialmente a maior revolução de toda a sua história com uma vertiginosa transformação tecnológica.

O Brasil tem avançado rapidamente na implementação de energias renováveis em várias frentes, como a geração de energia elétrica a partir das usinas de biomassa, eólicas e fotovoltaica, bem como se destaca há mais de 40 décadas na produção de álcool veicular e de biodiesel, além de outras alternativas mais recentes como a atual oportunidade de também assumir liderança em tecnologias ainda em fase de maturação e escala comercial, como o hidrogênio verde.

Entretanto, os formuladores de políticas públicas de energia pouco mencionam que os atuais sistemas de transmissão e distribuição - T&D são na verdade o caminho crítico e fundamental para a incorporação destas fontes renováveis e sua utilização otimizada em conjunto com os sistemas públicos de energia. Assim, pouca atenção tem sido dispensada para as Redes Inteligentes de Energia ou Smart Grids, que são na realidade a infraestrutura de transporte e logística necessária para integrar, habilitar e orquestrar, de forma otimizada, as medidas e tecnologias necessárias desde a produção de energia até o seu uso final pelos consumidores, para o atingimento da meta zero emissões até 2050.

O Setor Elétrico Brasileiro vem discutindo reformas no arcabouço legal e regulatório, na chamada “modernização do setor elétrico brasileiro”, focando a abertura do mercado de energia, a eliminação de subsídios e a reavaliação dos modelos de negócios do setor. Entretanto o Programa jamais previu os investimentos necessários na modernização dos sistemas de transmissão e distribuição (T&D), para que eles sejam recapacitados a incorporar crescentes montantes de geração variável e se tornarem mais resilientes para absorver crescentes volumes de novos usos decorrentes da eletrificação da sociedade e também para suportar eventos climáticos cada vez mais intensos.

Da mesma forma, o desenvolvimento de sistemas de redes inteligentes de energia nos países da América Latina enfrenta vários desafios, incluindo:

  • . Regulação: Desenvolver um quadro regulamentar que apoie a implantação de infraestruturas de redes inteligentes é um desafio que deve equilibrar os interesses das empresas de eletricidade, clientes e outras partes interessadas, garantindo simultaneamente que a rede inteligente funcione de forma eficiente e confiável, e traga benefícios e ganhos de eficiência às empresas, consumidores e à sociedade em geral e favoreça a transição energética e a redução de emissões.
  • . Investimentos: O desenvolvimento de infraestruturas de redes inteligentes requer um investimento significativo, incluindo a instalação de novas tecnologias, como a infraestrutura de medição avançada (AMI), a automação da distribuição e os sistemas de armazenamento de energia. No entanto, muitos países latino-americanos buscam enfrentar desafios para garantir o financiamento necessário para esses investimentos, que são caminho crítico para a necessária transição energética que desafia o planeta.
  • . Conscientização e participação do público: Envolver o público e aumentar a conscientização sobre os benefícios dos sistemas de redes inteligentes é essencial para uma implantação bem-sucedida.
  • . Especialização tecnológica: O desenvolvimento de sistemas de redes inteligentes requer conhecimentos técnicos especializados em áreas como AMI, automação de distribuição e armazenamento de energia. Muitos países latino-americanos estão investindo no desenvolvimento e retenção dos conhecimentos técnicos necessários para implantar e manter esses sistemas.
  • . Gerenciamento de dados: Os sistemas de redes inteligentes geram grandes quantidades de dados que devem ser coletados, gerenciados e analisados para otimizar as operações da rede e melhorar a eficiência energética. Desenvolver a infraestrutura e a experiência necessárias em gerenciamento, segurança e privacidade dos dados é um desafio para os governos e as empresas.

Para superar estes desafios, há iniciativas em vários países latino-americanos para a implantação de sistemas de redes elétricas inteligentes, com impacto na eficiência e a confiabilidade dos serviços, o que tem impacto sobre toda a produtividade econômica e social. Os governos devem fornecer marcos regulatórios e incentivos para apoiar a implantação de infraestrutura de redes inteligentes, objetivando apoiar a transição energética, enquanto as empresas de eletricidade devem investir nas tecnologias e conhecimentos técnicos necessários. Esforços colaborativos entre governos, empresas de eletricidade e outras partes interessadas podem ajudar a superar esses desafios e alcançar os benefícios dos sistemas de redes inteligentes.

A ECOee promoverá nos dias 11 e 12 de setembro de 2023 a 15ª edição do evento SMART GRID FÓRUM - Conferência e Exposição do Fórum Latino-Americano de Smart Grid, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, SP, Brasil.

O tema geral desta edição será "As tecnologias avançadas de integração e gestão de energia, conectividade e demais serviços nas redes elétricas e nas edificações e casas inteligentes".

O Fórum Latino-Americano de Smart Grid completa 16 anos de atuação, objetivando colocar em prática e acelerar a introdução de novas tecnologias e inovações, de modo sustentável, nos serviços de energia do Brasil e dos demais países da América Latina. As 14 edições anteriores contaram com a presença de 610 palestrantes brasileiros, 93 internacionais, 63 entidades apoiadoras, 152 empresas patrocinadoras, além de mais de 6.300 participantes na Conferência e Exposição.

Cyro Vicente Boccuzzi
Sócio Diretor, ECOEE; Presidente, Smart Grid Fórum Latam; Conselheiro de Administração Certificado pelo IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa